Tenho vontade de ser transparente, de voar leve por cima dos telhados e das matas
de entrar nos apartamentos e perceber todas as diferenças que as pessoas possuem
de atravessar os corpos e tocar seus órgãos
de nascer de novo da minha mãe
Tenho vontade de vestir roupas amarelas, que não me cabem bem quando existo
de nadar com com os peixes e tubarões e de ser engolida por uma baleia
de dançar no alto de uma montanha sem medo de parecer ridícula
de bagunçar as mesas de escritório
Tenho vontade de desaparecer, de comer tudo e vomitar no prato do prefeito
de roubar no supermercado
de me aninhar nas nuvens, no barro, no Monte Fuji
de voltar em todas as casas que morei
e viver transparente, até que o vento me leve para o olho de um furacão